terça-feira, 27 de maio de 2008

Como apoiar a pessoa em Luto?


O luto é uma reacção à privação e à perda de alguém que muito amávamos. A dificuldade de envolvimento e integração com as pessoas no decurso do luto pode representar um obstáculo ao seu desenvolvimento saudável. Verifica-se alguma tendência para o isolamento da pessoa em luto. Esta admite que ninguém consegue compreender o que se passa consigo, que o seu problema é único e irresolúvel. O estado de espírito assinalado ocorre qualquer que seja o tipo de luto vivido. Os viúvos, órfãos, pais e irmãos em luto sentem a mesma solidão e, muitas das vezes, para a combater envolvem-se de forma enérgica em diversas actividades, ocupando todo o tempo disponível, de forma a não criarem espaço para sentirem as dolorosas emoções da perda.

A entreajuda no caso do luto, qualquer que seja o seu tipo, é um meio eficaz de combater o isolamento social e de ajudar as pessoas a percorrer os caminhos do luto. As pessoas em luto reúnem-se no seu grupo apropriado, em função do tipo de luto que vivem, e, em sessões mensais de duas horas, moderadas por dois elementos do grupo com lutos mais experientes, discutem em cada encontro um tema relativo aos diferentes passos do luto. Se o ente querido se encontra muito vivo dentro de si; se sente culpa pela perda; se sente raiva contra a família ou contra a sociedade; se se sente em paz com a pessoa perdida, etc. Os membros do grupo falam abertamente das suas emoções relativas a cada tema e são ouvidas em silêncio e respeito pelos restantes membros. Em cada reunião é dada a oportunidade de todos se exprimirem e não se aceita que algum do membros faça sugestões ou críticas sobre o modo como cada um deve ou não fazer o seu luto.
A partilha das emoções do luto permite às pessoas vencerem o seu isolamento. Através do relato de pessoas com lutos mais experientes, tomam consciência que os comportamentos e sensações anormais que no momento vivem fazem parte de um processo normal e, até, saudável de cicatrização da ferida deixada pela perda de alguém que lhe era muito querido. Deste modo, sentem-se apoiadas para percorrerem o caminho sempre muito tortuoso do luto, encontrando no grupo de entreajuda respostas para os seus conflitos internos, com a família e com a sociedade.

No livro “Desatar o nó do luto: silêncios, receios e tabus”, refere que o grupo de entreajuda é um espaço de partilha por excelência onde cada participante fala da sua experiência sobre cada um dos temas em discussão. Os saberes vividos por cada participante ali expostos são ouvidos sem censuras e enriquecem cada um dos membros do grupo na sua aprendizagem sobre o caminho a empreender para a resolução do problema que vive.

O que é o Luto?



Todos os dias somos confrontados, através da comunicação social ou de alguma experiência pessoal, com a morte de pessoas que nos dizem sempre algo. Quer façam parte do nosso círculo íntimo de amor ou amizade, quer as conheçamos apenas pela companhia que nos fazem através dos “media”, como um actor, um político, um escritor, etc.; quer ainda as pessoas anónimas que abandonadas sem vida, vítimas de alguma catástrofe natural ou da guerra.

Como bem sabemos, os laços de afecto que mantemos com as pessoas são o essencial da nossa vida emocional; são mesmo a sua coluna vertebral. Investimos muita da nossa energia no estabelecimento e manutenção de relações amorosas e de amizade. Por mero capricho? Não. Por uma necessidade intrínseca, um instinto, mesmo, tão importante quanto a indispensabilidade que temos do ar que respiramos e do pão com que nos alimentamos .

Mas, o que nos sucede quando as ligações que firmámos com as pessoas que eram alvo do nosso amor se quebram, por morte, separação física ou conjugal? Quais serão os nossos comportamentos futuros? O sentido da vida perde-se, em definitivo?
Perante a perda de alguém a que nos sentíamos profundamente vinculados, entramos num processo que é denominado por luto.